Esteve no dia 11 de agosto no auditório do CEFET, o Reitor da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Portugal, Doutor Fernando dos Santos Neves, onde tive a oportunidade de questionar e presenciar interessantes considerações sobre a Lusofonia, que é o conjunto de identidades culturais existentes em países falantes da mesma língua. “Nada do que é humano é um estranho e nenhum humano é um estrangeiro”, isto nos leva a crer com a mais absoluta certeza sobre a nossa grande identidade lingüística com Portugal e com os outros países irmãos que por razões colonizadoras também falam a mesma língua, que enriquecida na sua diversidade se reconhece como una.
Não resta a menor dúvida que a Lusofonia veio com uma questão de estratégia comum de desenvolvimento humano, de espaço físico e geopolítico da qual o Brasil é o grande detentor nos levando a pensar em um grande projeto lingüístico, cultural e literário. Quando ouvimos dizer que todos os povos serão benvindamente associados é preciso não esquecer, porém, que os reflexos econômicos da guerra colonial nas partes envolvidas continuam por esclarecer, e que os fatores políticos e sociais parecem que continuam presos a preconceitos ideológicos de outras eras. Sendo o Brasil um país potencialmente emergente é bom que todos comecem a levar a Lusofonia a sério...
Ora bem, esta lusofonia global alavanca de algum modo a “amizade mútua” no sentido de permitir que seja mais forte a participação conjunta na comunidade internacional. Claro que, se não houver coordenação nem base institucional efetiva, na agenda global, o desenvolvimento nunca pode ir muito para além do potencial de cada um deles. Até pode vir a diminuir aquele potencial se houver descoordenação ou falta de credibilidade, sobretudo numa altura em que ameaçam surgirem novos atores na cena internacional, e em especial em África. É oportuno salientar a presença não citada pelo palestrante dos outros membros da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa): Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. A declaração de que o Brasil não é um país subdesenvolvido, é um país injusto, não é diferente do progresso que toca aos outros membros , pois retratam a pobreza em termos de baixo rendimento e suas manifestações sociais, incluindo problemas com a saúde e oportunidades na área de educação.
Acredito que o Brasil será cada vez mais Brasil quando mostrar para o mundo que não é bom só com os famosos craques do futebol. O Brasil precisa de ajuda, sendo inegável que muito se tem feito pela defesa da língua portuguesa e pela sua expansão, consolidação e divulgação no mundo. Porém ainda há muito por fazer. Investir no ensino da nossa Língua Portuguesa onde através de dados divulgados pelo MEC mostra que o país tem graves problemas educacionais e apenas 0,2% das escolas públicas brasileiras chega a um índice considerado médio em qualidade de ensino entre países da OCDE( Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Em 2022, com toda certeza a meta projetada para nossas escolas públicas será superada e duplamente estaremos comemorando o bicentenário da Independência do Brasil.
O Brasil não se deve deixar contaminar pelo medo da diversidade, antes deve dissolvê-la através do conhecimento mútuo. O dever de ligar o conhecimento à cooperação também nos permite ser lusófonos sem qualquer ambigüidade, e mostrar que, hoje como ontem e como no futuro, a diversidade cultural e a identidade genética são a nossa força.
Passa-se a idéia de que a Lusofonia constitui uma idéia generosa de alguns, talvez até por remorso ou por não conhecer as verdadeiras histórias dos grandes lusófonos. Lembraria que o glorioso Portugal das Eras das Navegações conquistou terras tupiniquins e foi com mãos africanas que descolonizamos e construímos o não menos glorioso e emergente Brasil. A colonização portuguesa deixou exemplos históricos de imposição da língua do conquistador para derrubar o orgulho nativo do conquistado, sem que o fato revertesse sempre em aquisição da cidadania do mais forte. O conquistado ficava reduzido à oralidade e acabava por perder sua autenticidade, sem adquirir outra.
Finalmente gostaria de ouvir soar que a Lusofonia é um projeto que não exclui; que o nosso potencialmente emergente Brasil e o glorioso Portugal estarão resgatando os direitos humanos, sociais, econômicos, culturais e democráticos visando a integração de todos os territórios lusófonos alcançando 200 milhões de pessoas, sendo o quinto idioma mais falado do mundo.
Iris Dalva Guedes Meirelles
Pesquisadora do Movimento de Consciência Negra de Leopoldina
irismeirelles@yahoo.com.br
Não resta a menor dúvida que a Lusofonia veio com uma questão de estratégia comum de desenvolvimento humano, de espaço físico e geopolítico da qual o Brasil é o grande detentor nos levando a pensar em um grande projeto lingüístico, cultural e literário. Quando ouvimos dizer que todos os povos serão benvindamente associados é preciso não esquecer, porém, que os reflexos econômicos da guerra colonial nas partes envolvidas continuam por esclarecer, e que os fatores políticos e sociais parecem que continuam presos a preconceitos ideológicos de outras eras. Sendo o Brasil um país potencialmente emergente é bom que todos comecem a levar a Lusofonia a sério...
Ora bem, esta lusofonia global alavanca de algum modo a “amizade mútua” no sentido de permitir que seja mais forte a participação conjunta na comunidade internacional. Claro que, se não houver coordenação nem base institucional efetiva, na agenda global, o desenvolvimento nunca pode ir muito para além do potencial de cada um deles. Até pode vir a diminuir aquele potencial se houver descoordenação ou falta de credibilidade, sobretudo numa altura em que ameaçam surgirem novos atores na cena internacional, e em especial em África. É oportuno salientar a presença não citada pelo palestrante dos outros membros da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa): Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. A declaração de que o Brasil não é um país subdesenvolvido, é um país injusto, não é diferente do progresso que toca aos outros membros , pois retratam a pobreza em termos de baixo rendimento e suas manifestações sociais, incluindo problemas com a saúde e oportunidades na área de educação.
Acredito que o Brasil será cada vez mais Brasil quando mostrar para o mundo que não é bom só com os famosos craques do futebol. O Brasil precisa de ajuda, sendo inegável que muito se tem feito pela defesa da língua portuguesa e pela sua expansão, consolidação e divulgação no mundo. Porém ainda há muito por fazer. Investir no ensino da nossa Língua Portuguesa onde através de dados divulgados pelo MEC mostra que o país tem graves problemas educacionais e apenas 0,2% das escolas públicas brasileiras chega a um índice considerado médio em qualidade de ensino entre países da OCDE( Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Em 2022, com toda certeza a meta projetada para nossas escolas públicas será superada e duplamente estaremos comemorando o bicentenário da Independência do Brasil.
O Brasil não se deve deixar contaminar pelo medo da diversidade, antes deve dissolvê-la através do conhecimento mútuo. O dever de ligar o conhecimento à cooperação também nos permite ser lusófonos sem qualquer ambigüidade, e mostrar que, hoje como ontem e como no futuro, a diversidade cultural e a identidade genética são a nossa força.
Passa-se a idéia de que a Lusofonia constitui uma idéia generosa de alguns, talvez até por remorso ou por não conhecer as verdadeiras histórias dos grandes lusófonos. Lembraria que o glorioso Portugal das Eras das Navegações conquistou terras tupiniquins e foi com mãos africanas que descolonizamos e construímos o não menos glorioso e emergente Brasil. A colonização portuguesa deixou exemplos históricos de imposição da língua do conquistador para derrubar o orgulho nativo do conquistado, sem que o fato revertesse sempre em aquisição da cidadania do mais forte. O conquistado ficava reduzido à oralidade e acabava por perder sua autenticidade, sem adquirir outra.
Finalmente gostaria de ouvir soar que a Lusofonia é um projeto que não exclui; que o nosso potencialmente emergente Brasil e o glorioso Portugal estarão resgatando os direitos humanos, sociais, econômicos, culturais e democráticos visando a integração de todos os territórios lusófonos alcançando 200 milhões de pessoas, sendo o quinto idioma mais falado do mundo.
Iris Dalva Guedes Meirelles
Pesquisadora do Movimento de Consciência Negra de Leopoldina
irismeirelles@yahoo.com.br
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