quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Augusto dos Anjos

Um poeta de genialidade singular, assim é descrito a obra de Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos, por muitos dos estudiosos de Literatura Brasileira.
Nosso biografado nasceu no Engenho Pau d’Arco, no estado da Paraíba, em 20 de abril de 1884. Concluiu o curso secundário no Liceu Paraibano. Em 1906, formou-se em direito na capital de Pernambuco – Recife. Contudo, Augusto dos Anjos não exerceu o Direito, dedicou-se a lecionar Português e Geografia em escolas da Paraíba, Rio de Janeiro e, por fim, assumiu a direção de uma escola em Leopoldina.
Foi em 22 de junho de 1914 que Augusto dos Anjos chegou a Minas Gerais, para assumir a direção do Grupo Escolar Ribeiro Junqueira, situado em Leopoldina, atendendo à indicação do Deputado mineiro Dr. Ribeiro Junqueira, segundo relato do próprio Augusto em carta enviada à sua mãe em junho daquele ano.
Augusto dos Anjos veio para Leopoldina junto com sua esposa, Ester Fialho, e seus filhos Glória e Guilherme, onde moraram à Rua Barão de Cotegipe, nº 11, atualmente sua casa tornou-se um espaço cultural, cuja finalidade é preservar a memória deste escritor.
Em 1912 Augusto publicou seu livro “Eu”, o qual causou grande impacto e escandalizou o público-leitor, devido às características da obra, que continha poemas fúnebres, melancólicos que eram repletos de termos extraídos das Ciências Médicas, algo incomum às demais poesias e obras literárias da época.
No dia 12 de novembro de 1914, uma pneumonia tirou a vida de Augusto dos Anjos, que na ocasião tinha apenas 30 anos de idade. Seus restos mortais encontram-se enterrados no cemitério de Leopoldina, mas sua obra continua viva, bem viva nas mentes de todos os leitores do Brasil, tendo em vista as dezenas de edições e reedições de seu livro “Eu” e das inúmeras publicações de suas outras poesias.

Abaixo reproduzimos um dos famosos poemas de Augusto dos Anjos.

O MORCEGO
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho. Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: Na bruta ardência orgânica da sede, Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
"Vou mandar levantar outra parede..." - Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho, Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego A tocá-lo. Minh’alma se concentra. Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego! Por mais que a gente faça, à noite, ele entra Imperceptivelmente em nosso quarto!

2 comentários:

marisinha disse...

"Quero, arrancado das prisões carnais, / Viver na luz dos astros imortais"
Augusto dos Anjos, pra sempre x

Anônimo disse...

Obrigado pela sua visita e por seu comentário, marisinha!
Volte sempre.
Abraço.